terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pequeno conto de Halloween


O Vampiro e a Múmia se apaixonaram.
Os amigos da múmia futricaram:
-- Ele só quer seu sangue!
-- Mas eu sou de pano!
Mais que se amaram.
Ele escreveu a vida no seu tecido e ela se aninhou na sua capa.
Mas ela queria o futuro. Ele era do passado.
Se acorrentavam ao minuto.
A mulher morta, que vivia na parede, ria do romance desenganado.
O vampiro, que vivia morto, chorava com seus botões.
-- Você me deixou em trapos! – lamentava a múmia.
Ela não queria desculpas, mas não tinha como perdoar.
E sumiu, deixando para trás escritos farrapos.
O vampiro, condenado, todo dia (toda noite?), era obrigado a lembrar:
“Se ao menos eu ainda pudesse te olhar...”
E assim passou a eternidade.

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