- Oi Tavares, o que foi?
- Oi Doutora.
- Não me chama de doutora, o que foi?
- Cara amassada, hein?
- Tavares, são quatro da matina e esse é meu sétimo local
essa noite. Fala logo o que eu estou fazendo aqui.
- Então doutora, o sujeito aí dessa casa tava meio alterado
e insistiu pra gente chamar a senhora. Parece que alguma coisa deu errado.
- Não diga! Tavares, ninguém liga pra polícia quando as
coisas dão certo. “Alô, polícia, estamos aqui em casa, todos dormindo tranquilos,
manda por favor a perícia vir aqui para embalar nosso sono”. E você nem entrou
pra ver o que era? E o que a imprensa está fazendo aqui?
- Ah, doutora, disseram que o cidadão aí é importante, de
influência mesmo, aí eu achei melhor não me meter. A senhora sabe que tenho
quatro bocas para alimentar em casa, não quero confusão pro meu lado. Que?? Não
me olha assim!
- Tá, vamos resolver isso logo.
- Ah, finalmente, ainda bem que você chegou! Estava mesmo
precisando de uma opinião profissional. Boa noite.
- Eu diria que está mais pra bom dia, se eu realmente
pudesse encontar alguma coisa de “bom”. O senhor é o senhor...?
- Pode me chamar de Schrod. Estou a noite inteira dando voltas com esse problema.
- Então Sr. Schrod, o senhor pode me mostrar a cena do crime
e me contar o que aconteceu.
- Não é bem uma cena de crime, é mais um experimento
científico...
- Ah vá, mostra logo.
- Aqui.
- Uma caixa com cadeado? Essa é a cena do crime?
- Deixa eu explicar, tem um gato nessa caixa e
- O senhor prendeu um gatinho nessa caixa???
- Calma, junto com um frasco de veneno e um contador Geiger como
gatilho.
- Deixa eu ver se entendi, o senhor prendeu seu bichinho de
estimação nessa caixa minúscula COM. VENENO? E achou por bem chamar a polícia no
meio da madrugada para mostrar seu brilhantíssimo experimento?! Senhor, por
favor, abra essa caixa!
- Exatamente! Eu preciso de uma opinião profissional. A
senhora acha que o gato está vivo ou está morto?
- Senhor, abre já essa caixa!!
- Mas a senhora não entende! Se eu abrir a caixa invalido
toda a experiência. Eu preciso justamente entender se esse gato está vivo ou
morto enquanto a caixa está fechada.
- Senhor, sua caixa está se mexendo!
- E isso prova o que?
- Senhor, pela minha experiência, se está se mexendo está
vivo, se está fedendo, morto. Abra a caixa!
- Aha! E se estiver se mexendo e fedendo ao mesmo tempo?
- Então é porque o animal, vivo e apavorado, se cagou todo!
Abre logo a caixa que eu estou mandando!
- Ou o gato está simultaneamente vivo e morto! Quod erat
demonstrandum!
- Senhor, seu gato está GRITANDO! Daqui dá até pra entender:
“Schrod, seu puto, me tira daqui!”. ABRE A CAIXA.
- Ah, senhora, não se preocupe com o gato. Ele nem existe,
isso é só um experimento mental.
- Já deu! Ninguém merece! Ô Tavares, vem cá. Rebenta esse
cadeado e abre essa caixa. E cuidado com o gato que vai pular de dentro. E com
o veneno... E radiação? Cruzes, cada um que aparece... Leva esse sujeito pra
delegacia e fala pro delegado autuar por maus-tratos aos animais. Vamos
circular essa encrenca que eu que não vou aguentar maluco no meio da noite
sozinha! E eu sonhando com o glamour da série de TV...
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